Giovanna Grossi e sua cozinha afetiva autoral
Paulistana de nascença, alagoana de coração, Giovanna Grossi tem boas histórias para contar na cozinha. Foi a primeira mulher a representar o Brasil na final do Bocuse d’Or, em Lyon, o principal concurso gastronômico para jovens chefs do mundo. Na época, ela só tinha 23 anos. Antes disso, a cozinheira já havia se formado em gastronomia em São Paulo e complementado os estudos em renomadas escolas da França e Espanha (Institut Paul Bocuse, École Alain Ducasse, Basque Culinary Center e Espai Sucre), além de ter lapidado seu talento em cozinhas estreladas nos dois países (Arc en Ciel, Le Taillevent e Quique Dacosta) e também na Dinamarca, onde trabalhou com Rasmus Kofoed no Geranium, eleito em 2022 como o melhor restaurante do mundo pelo ranking The World’s 50 Best Restaurants.
Hoje, ela preside a Academia Brasil D’Or, organização sem fins lucrativos dedicada a divulgar a cozinha brasileira e preparar times para a mais importante e concorrida competição gastronômica do mundo. Em 2020, outro grande passo: Giovanna abre seu primeiro restaurante, o Animus, no bairro paulistano de Pinheiros, junto da sócia Vanessa Civiero, outra jovem empreendedora da gastronomia. Ali, a chef desenvolve uma cozinha autoral e criativa, valorizando o produto local, mas sem se prender a regionalismos específicos. Sem divisão entre entradas ou principais no cardápio, a ideia é que os clientes criem sua própria sequência e façam um passeio pela cozinha.
Por fim, a mais recente empreitada da chef é A Casa da Esquina, bar de coquetéis que acaba de inaugurar na mesma rua do primogênito. Apelidado de “goles e mordidas”, seu menu sugere pratos para serem partilhados entre os comensais, além de uma proposta bem brasileira de drinques autorais, como o “Coentro, tô dentro” e o “Dança do Maxixe”. Em suas receitas, fica evidente o apuro técnico e a preocupação em explorar as diferentes texturas e os contrastes de sabor num mesmo prato. Outro traço inequívoco do seu trabalho é a valorização dos vegetais, por vezes corriqueiros, que ganham papel de protagonistas.